Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Quando esta semana ouvi as declarações do presidente Obama sobre a ajuda que os EUA iriam dar no combate à calamidade do ébola, logo me veio à memória as mesmas promessas após o sismo no Haiti que até hoje não foram cumpridas. E isso pode ser testemunhado pelos organismos internacionais e por todo o pessoal de saúde que de imediato Cuba enviou para aquele território e que ainda hoje aí mantém gratuitamente um contingente considerável. Os outros, os das promessas, mandaram militares para, segundo diziam, garantir a segurança, tal como o afirmam agora em relação à Serra Leoa.
A grande diferença é que nenhum dos integrantes que irão compor a força militar norte-americana que se deslocará para a Serra Leoa irá proporcionar cuidados directos aos doentes infectados, enquanto Cuba já há muito que mantém naquele país africano uma brigada de 23 colaboradores e outros 16 na Guiné Conakry, país onde a epidemia também se tem expandido, estando já preparada uma brigada cubana constituída por 165 médicos e enfermeiros que aí chegarão já na próxima semana para trabalharem no terreno em contacto directo com aqueles que correm risco de vida.
A este propósito e já que pouco ou nada é divulgado, Cuba tem neste momento mais de dois mil técnicos de saúde espalhados por cerca de 33 países africanos, para além de ter ajudado a fundar escolas de medicina e continuar a manter centenas de profissionais que ministram aulas desde 1984 na Etiópia, 1986 no Uganda, 1991 no Ghana, 2000 na Gâmbia, 2001 na Guiné Equatorial e 2004 na Guiné Bissau, ajudando a formar o pessoal técnico de saúde de que tanto carecem.
Isto sem esquecer a Escola Latinoamericana de Medicina com sede em Havana, a qual oferece os seus serviços gratuitamente a centenas de alunos oriundos de mais de 44 países africanos que aproveitam as bolsas de estudo concedidas a países sem recursos económicos e que ao longo de seis anos aí estão instalados até se formarem e regressarem aos seus países de origem, com o compromisso de aí trabalharem em comunidades desprovidas de cuidados de saúde.
Desde 1963 que Cuba mantém missões internacionalistas de paz, tendo a primeira brigada médica partido para a Argélia, cifrando-se em mais de 132 mil o número de profissionais de saúde cubanos que colaboraram noutras nações, tendo prestado os seus serviços a mais de 300 milhões de pessoas, realizado para cima de 2 milhões de intervenções cirúrgicas e vacinado 9 milhões de crianças.
Apesar desta cooperação, Cuba tem sido capaz de manter e em alguns casos até melhorar os seus indicadores nacionais de saúde, com uma proporção de um médico por cada 170 residentes, em contraste com outros países, mesmo os do chamado 1.º mundo onde as diferenças são bem maiores.
Estes dados falam por si e são a resposta cabal para aqueles que tentam denegrir o prestígio e a bondade dos médicos cubanos, que espalhados por todo o mundo não esquecem as suas raízes, desempenhando a sua profissão de forma humanitária e não mercantilista, com total dedicação aos seus pacientes para lhes minimizar o sofrimento. Aos que partem agora para a Serra Leoa desejamos-lhes as maiores felicidades e que a sua missão seja coroada com muito sucesso.