Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Hoje, após o regresso à pátria dos Cinco Heróis Cubanos que estiveram presos nos EUA, começam a ser conhecidos alguns episódios particulares de cada um deles sobre todo o processo em que estiveram envolvidos, desde o momento em que lhes foi pedida a sua colaboração para assumirem os riscos de uma missão tão especial em que nem os familiares mais próximos podiam conhecer.
Imagine-se o sofrimento de um pai e marido sabendo que a sua mulher acreditava que ele tinha roubado um avião e desertado do país para se passar para Miami e integrar-se num grupo terrorista, sendo as suas filhas vaiadas na escola pelos colegas que lhes chamavam filhas de um traidor.
Imagine-se a angústia de um filho sabendo que a sua mãe havia falecido convencida que ele se tinha passado para as hostes de um grupo terrorista que exercia acções violentas contra Cuba.
Imagine-se o estado de espírito de cada um deles em que permaneceram por largos períodos em completo isolamento e já depois de condenados, impedidos de receberem visitas dos seus familiares por as autoridades dos EUA não concederem os necessários vistos.
Imagine-se o que é ser condenado a duas cadeias perpétuas, acrescidas de mais quinze anos, num país em que a justiça peca pela sua falta de isenção, mais a mais num processo de cariz político eivado de contradições e fortemente influenciado por gente com poder ligado às máfias de Miami.
Mas a grandeza do seu patriotismo e a forte convicção de que o seu sacrifício evitou a perda de muitas vidas humanas levou-os a suplantar tudo isso, dando-lhes a força e a coragem suficientes para suportarem com firmeza as injustiças de que eram alvos. E hoje, se necessário fosse, voltariam a fazer tudo de novo.
Actualmente, não há ninguém em Cuba que não os conheça e que não lhes esteja grato, sendo requisitados constantemente para participarem nos mais variados eventos e receberem o carinho da população que os quer tocar, abraçar, beijar e agradecer, vendo neles o exemplo digno dos antepassados que se bateram pela independência de Cuba, com o sacrifício da própria vida. E estes homens são tão simples mas tão grandes, que se misturam com o seu povo e com eles confraternizam, pois dele vieram e finalmente a ele voltaram.
Povo que com muita coragem soube enfrentar o período especial que se seguiu ao derrube do bloco de leste europeu, principal parceiro económico de Cuba, em que homens e mulheres tiveram de “inventar” para dar de comer aos seus filhos, resistindo heroicamente às contrariedades.
Há quem apenas goste de Cuba para aí fazer turismo e há também quem não goste porque só vê o superficial e nada mais. Mas o que Cuba tem de mais importante são as pessoas que com toda a dignidade sabem viver o dia-a-dia e defender a qualquer preço o seu país.