Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Que direito tem um governo, no caso o dos EUA, para unilateralmente elaborar uma lista de países que supostamente apoiam o terrorismo? Quais os critérios e em que normas internacionais assenta tal relação ninguém sabe e dificilmente isso poderia ser explicado por quem tem uma poderosa indústria bélica, vendendo por esse mundo fora armas a quem melhor pagar, sejam terroristas ou não.
Cuba constava dessa lista, provavelmente por fornecer gratuitamente apoio aos países mais carenciados, enviando profissionais de saúde que para além da assistência sanitária directa aos cidadãos, fundaram e ministram aulas em faculdades de medicina e de enfermagem, com vista à formação de técnicos locais. Se isto é apoiar o terrorismo, então que muitos outros países o façam, para que mais médicos e enfermeiros possam salvar os seus concidadãos.
Agora que Cuba saiu dessa tenebrosa lista a que nunca deveria ter sido associada, muitas outras questões podem ser ultrapassadas, nomeadamente as relacionadas com a importação de alguns equipamentos médicos e produtos farmacêuticos específicos que apenas são produzidos nos EUA.
Espera-se então, com o decorrer das rondas de conversações que têm decorrido com respeito mútuo, se possa chegar a um entendimento para o reatar das relações e a instalação de Embaixadas nos dois países. Mas para isso é ainda necessário que os EUA levantem o embargo económico, financeiro e comercial, que se comprometam a devolver o território ilegalmente ocupado de Guantanamo e que ao abrigo da Convenção de Viena o seu pessoal diplomático não se imiscua nos assuntos internos de Cuba.
Por agora e pelo que se sabe, à margem das delegações oficiais de cada país, têm existido encontros de comissões técnicas para dialogarem sobre algumas áreas de interesse mútuo, como a aviação civil, a investigação sobre espécies e a definição de zonas marinhas protegidas, as cartas náuticas, a hidrografia, assim como o combate concertado a doenças infecciosas, à prevenção de epidemias e à troca de experiências científicas no campo da saúde.
Com o desanuviar das relações tensas entre Cuba e os EUA desde há mais de meio século, tem-se verificado um incremento de cidadãos norte-americanos a viajarem para Cuba com fins turísticos ou de prospecção de negócios, cifrando-se um aumento de 36% no primeiro trimestre de 2015 em comparação com o período homólogo do ano anterior, ou seja de 29.123 para 38.474. Em termos gerais, o aumento de entradas no país foi de 14%.
Cuba está hoje na ordem do dia e com todos os focos para si apontados, seja pelas constantes visitas de delegações internacionais chefiadas pelos seus mais altos dignitários, seja pelos seus sucessos a nível interno e externo, cumprindo assim o seu importante papel na América Latina e dando exemplos ao mundo de como um pequeno país em área geográfica e população pode ser tão grande em dignidade e resistência.