Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Com o encontro histórico entre o Papa Francisco e o Patriarca Kiril da Igreja Ortodoxa Russa que se realizou em Havana no passado dia 12 de Fevereiro, cuja declaração conjunta foi lida e assinada na presença do Presidente Raul Castro, anfitrião dos distintos representantes das duas Igrejas que estavam divididas desde o Cisma no ano de 1054 e que agora, passado quase um milénio, se voltaram a reunir fraternalmente num país que sabe acolher todos aqueles que estão dispostos a uma reconciliação sincera.
Mas porquê a escolha de Cuba para este 1.º encontro? Para além de outros aspectos objectivos ou subjectivos, podemos recorrer à própria declaração em que num dos pontos refere que Cuba, na encruzilhada entre o Norte e o Sul, o Este e o Oeste é um símbolo de esperança do Novo Mundo, constituindo o local próprio para se dirigirem a todas as nações da América latina e de outros continentes apelando ao diálogo entre as religiões e à promoção da paz entre os povos.
Cuba tem sido palco de muitos outros encontros e o êxito de que se têm revestido as conversações entre os representantes do governo Colombiano e os grupos armados opositores, já levaram a que fossem assinados acordos de cessar-fogo e tudo leva a crer que o entendimento entre as partes venha a ser duradouro com a mediação e o contributo de Cuba para que se alcance a paz naquela região.
E que melhor contributo pode haver para a paz que o exemplo de um país que em Maio de 1963 enviou numa primeira missão internacionalista 29 médicos, 4 estomatologistas, 14 enfermeiros e 7 técnicos de saúde para prestarem os seus serviços em Argel, que havia conquistado poucos meses antes a sua independência de França e ficado com escassos meios de apoio sanitário, valendo-se numa primeira fase deste grupo para suprir as carências que existiam.
Daí para cá têm sido milhares de profissionais de saúde e de educação que integraram as missões internacionalistas, contando na actualidade com cerca de 50.000 – metade são médicos – a prestarem serviço e a dar formação local em mais de 68 países e alguns nas zonas mais recônditas do planeta.
Quando existem catástrofes, seja onde for, Cuba tem sempre disponibilizado os seus técnicos para acorrerem nas primeiras horas de auxílio às vítimas, permanecendo nesses locais até que tudo esteja estabilizado e se considere que a sua presença já não é necessária. O que não acontece no Haiti, por exemplo, onde continuam as brigadas de saúde cubanas em contraste com outros países que para aí enviaram militares depois do arrasador sismo de 2010. Em epidemias, como recentemente o ébola, os médicos e enfermeiros cubanos estiveram na primeira linha de combate em vários países africanos, ajudando com a sua acção a controlar o vírus e a educar as populações para a sua prevenção.
As palavras do Papa Francisco e do Patriarca Kiril na declaração de Havana assentam bem no que é Cuba para o mundo e por isso poder-se-á considerar que Cuba é a capital do diálogo, da unidade e da paz.