Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Por absoluta necessidade de cobrir com serviços médicos determinadas zonas do país, que após concursos abertos para ocupar essas vagas não apareceram candidatos, o Ministério da Saúde de Portugal assinou um convénio com o seu homólogo cubano, vindo assim a partir de 2009 a integrar no SNS um grupo de médicos cubanos, todos reconhecidos pela respectiva Ordem, que prestam os seus serviços por períodos de 2 anos, renováveis, existindo no momento 39 especialistas em medicina familiar, distribuídos por 17 Municípios das regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
No início pensou-se que o problema da língua poderia constituir uma dificuldade de entendimento, mas rapidamente se constatou que isso não seria nenhum obstáculo, já que a adaptação se faz rapidamente e se estabelece uma excelente relação com doentes, colegas e restante pessoal técnico e administrativo.
Num périplo efectuado pela Embaixadora Johana Tablada de La Torre por todos os Municípios onde estão colocados estes médicos, esta foi testemunha do carinho e da consideração de que gozam estes profissionais por parte das populações que atendem, bem como do reconhecimento dos autarcas que consideram imprescindíveis os serviços que são prestados nos lugares mais recônditos dos seus Concelhos, onde isolados, são autênticos “João Semana” que fazem já parte da família e onde estão perfeitamente integrados na comunidade.
Os médicos cubanos prestam os seus serviços com uma carga horária de 52 horas semanais em 16 Centros de Saúde e em 24 Extensões, onde na maioria destas são os únicos clínicos que para além da assistência quase permanente, também efectuam consultas domiciliárias, fazendo o acompanhamento dos doentes tal como sucede em Cuba, prestando assim um cuidado que é reconhecido pelas populações, gratas pelo seu empenhamento e solidariedade.
De acordo com a Dra. Maria del Carmen Casanova, representante dos Serviços Médicos Cubanos, desde 2009 foram já consultados mais de um milhão e duzentos mil doentes e efectuadas cerca de dez mil pequenas cirurgias, para além do trabalho educativo quer individualmente, quer em sectores específicos das zonas em que estão inseridos, como escolas, centros de dia, etc.
Como se sabe o ensino da Medicina em Cuba é reconhecido internacionalmente, já que no início da Revolução existiam apenas 3.000 médicos em todo o país, com maior concentração nos centros urbanos e desde aí para cá já se graduaram mais de 100 mil, estando hoje a cumprir missões em 30 países de todo o mundo cerca de 20 mil, contribuindo com o seu valioso trabalho para ajudar a sustentar o sistema de saúde pública de Cuba.
Sabe-se que os governos de Portugal e de Cuba mantêm contactos para estender e talvez ampliar o acordo que existe, pois os resultados têm sido muito positivos e é esse o desejo das populações e das autoridades locais que estão extremamente agradecidas a estes embaixadores de bata branca.