Celino Cunha Vieira - Associação Portuguesa José Marti / Cubainformación.- Como tem sido amplamente noticiado, desde o passado dia 17 de Dezembro que as conversações entre os EUA e Cuba vêm sendo cada vez mais aprofundadas com vista à normalização das relações entre os dois países, levando até à abertura das respectivas representações diplomáticas ao nível de embaixada. Mas muito ainda há a percorrer em vários aspectos, pois se um dos principais desideratos era o da libertação incondicional dos Cinco Heróis injustamente presos, não nos podemos esquecer que o bloqueio económico, comercial e financeiro continua a vigorar, pese embora a vontade expressa pelo presidente Obama e por muitas outras importantes figuras do governo e da sociedade americana.
Poucos se lembrarão do início e do motivo que originaram estas hostilidades contra Cuba que remontam ao período imediato que se seguiu ao triunfo da Revolução com acções de sabotagem que tinham por objectivo derrotar aquilo que com tanto sacrifício tinha sido conquistado pelo povo cubano. Como parte da agressão económica e represália pela defesa intransigente de Cuba pela independência e soberania nacional, em 1960 o governo de Eisenhower aprovou a diminuição da quota açucareira de Cuba no mercado dos EUA, sabendo que a produção e exportação desse produto era fundamental para a subsistência da agricultura e da economia do país.
É assim que o governo cubano se vê obrigado em 8 de Agosto de 1960 a expropriar e nacionalizar (com a devida compensação) todas as empresas de propriedade americana que tinham o monopólio em vários sectores, como a electricidade, o gás, os telefones, o petróleo, etc., que estipulavam sem restrições os preços aos consumidores finais, explorando vergonhosamente os verdadeiros donos dos recursos naturais e dos produtos por si produzidos.
Passaram-se entretanto mais de 50 anos e para além dos sacrifícios e dos elevados prejuízos provocados pelo bloqueio a Cuba, o seu principal objectivo, que é político, nunca teve o sucesso pretendido, servindo apenas para tornar a vida mais difícil a todo um povo que quer continuar a ser livre e a decidir os seus destinos.
Mas também se põe a questão da devolução do território cubano de Guantanamo ocupado ilegalmente há mais de um século pelos EUA que aí mantêm um centro de torturas e de violações dos Direitos Humanos, sendo alvo de crítica por grande parte da comunidade internacional por violar todas as Convenções e Tratados sobre a instalação de bases militares estrangeiras sem o consentimento dos Estados soberanos.
Desde 1959 que o governo cubano vem reclamando essa devolução e agora chegou a hora de os EUA demonstrarem que estão fortemente empenhados numa paz duradoura e num bom relacionamento com o país vizinho, iniciando de imediato o seu encerramento e entregando o território aos seus verdadeiros donos.
Mesmo com todas as contrariedades, poucos países se podem orgulhar como Cuba, dos índices sociais alcançados nas áreas da saúde, da educação, da cultura, do desporto e em tantos outros sectores reconhecidos pelas mais insuspeitas organizações internacionais. E isto, sendo inquestionável, só pode augurar um futuro muito melhor.